terça-feira, 28 de abril de 2009

Acção

Felizmente Há Luar!, de Luís Sttau Monteiro, recria em dois actos: a tentativa frustrada de revolta liberal de Outubro de 1817, reprimida pelo poder absolutista do regime de Beresford e Miguel Forjaz, com o apoio da Igreja. Ao mesmo tempo, chama a atenção para as injustiças, a repressão e as perseguições políticas no tempo de Salazar, nos anos 60 do século XX(tempo de escrita).
A acção em Felizmente Há Luar! centra-se na figura do general Gomes Freire de Andrade e da sua execução: da prisão à fogueira, com descrições da perseguição dos governadores do Reino, da revolta desesperada e impotente da sua esposa e da resignação do povo que a “miséria, o medo e a ignorância” dominam. Gomes Freire de Andrade “está sempre presente embora nunca apareça, e mesmo ausente, condiciona a estrutura interna da peça e o comportamento de todas as outras personagens.
A defesa da liberdade e da justiça, atitude de rebeldia, constitui a hibris (desafio) desta tragédia. Como consequência, a prisão dos conspiradores provocará o sofrimento (páthos) das personagens e despertará a compaixão do espectador.
O crescente trágico, representado pelas diversas tentativas desesperadas para obter o perdão, acabará, em clímax, com a execução pública do general Gomes Freire e dos restantes presos.
Este desfecho trágico conduz a uma reflexão purificadora (cathársis) que os opressores pretendiam dissuasora, mas que despertou os oprimidos para os valores da liberdade e da justiça.

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